12.30.2009


ele longe se encontra
longe, muito longe
poderiam alcançá-lo?

o gênio da montanha alta

suas palavras
mais escuras que a noite
ainda proibidas

não se vislumbram rebanhos

12.28.2009


Um lobisomem é forte e transgride. Não é fácil para ele quando sóbrio fingir quanto os outros. Um lobisomem não é gente, ele corre dos comuns e sabe das fraquezas humanas como um super-homem de Nietzsche!

--0--0--0--

"Ao se olhar o mundo e se aperceber de seus erros, conclui-se que deus, se existir, é o diabo "- opinou o Poeta..

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“Naquela imagem de Jesus crucificado – eu sou a cruz” - disse um Poeta.

--0--0--0--

...Jesus não poderia aparecer hoje em dia e dizer: “eu sou o filho de Deus”...  ele não conseguiria responder perguntas que na época em que viveu ninguém poderia perguntar...

o velório,
eu ali deitado...
ao lado choram/riem de mim
nada posso fazer,
derrotado estou

ah vida,
por que é assim?
(chorar)

12.24.2009


Bater uma pedra em outra – o movimento desta poderia ser calculado com precisão, algum dia.
Jogar uma pedra num boi – o movimento deste não poderia ser calculado com precisão, jamais.

12.22.2009

...como pedaços de bolo somos degustados por famintos cuja fome não tem fim.

12.09.2009


ninguém é igual a ninguém
e ninguém conhece ninguém de verdade
todos são capazes de tudo

ninguém quer ser outro alguém
somente ele mesmo

ninguém depende de alguém específico
sempre outros podem fazer por ele
mas todos dependem de todos

ninguém quer ser um zé-ninguém
e todos querem aparecer

todos são culpados
agora ou no futuro
por tudo o que acontece

ninguém paga pelo que faz
na mesma medida,
paga em outras medidas

ninguém paga tudo o que faz
enquanto vivo,
paga no fim

o fim iguala tudo
sempre haverá alguém vivo para rir
na despedida

há mil maneiras de dizer a mesma coisa
a mesma coisa pode ser ouvida de mil maneiras

ninguém nada sabe
mas ninguém sabe tudo

todos mentem
todos fingem
e precisam ser perdoados
porque ninguém é dono das verdades
nem é o maior

11.24.2009


"Que a vida não seja breve, e que seja bela e que seja plena. Que a boa sorte esteja convosco".

11.18.2009


Não é preciso ser tão exigente consigo ou com outros: toda poeira da casa no inicio da vida voltará a empoeirar no fim.

11.17.2009


-E então, Mestre, resolveu a questão do sensível - quanto ao retorno do mesmo (sensível: “o que/quem experiencia”) após a morte do corpo que o mantém?
-“O abstrato é capaz de permanecer, o sensível não”: é assim que a maioria é levada a pensar. “O sensível se acaba para sempre”, parece nítido para o ser que "sente", desde que só dentro de um determinado corpo concreto isolado pode havê-lo, em outro corpo seria outro sensível totalmente independente e inacessível. Contudo, é de bom grado acreditar que o sensível seja passível de retornar após a morte do corpo que o encerra, desde que no próprio corpo acontece isso: o sensível se apaga e retorna a “sentir” ao lado do abstrato pensante que retorna a “pensar”, - isso se verifica ao acabarmos de acordar de um sono profundo. Há uma “morte” aí, parece que não porque pensamos em termos concretos, como se o concreto compusesse a única categoria do real. Ora, o sensível e o abstrato são tão reais quanto o concreto (prova disso: tanto o sensível quanto o abstrato são responsáveis por alterar as estruturas e movimentos do mundo, logo tem de ser considerados reais!). Essa morte diária (o apagão do sensível e do abstrato) durante o “dormir” é a mesma morte que os sepultos estão tendo no cemitério. O importante de toda essa proposta é isso: nós retornamos dessa morte diária, é fato; por que não poderíamos retornar da outra (a “eterna”) também? Compreende-me Joãozinho, o que quero dizer?
-Retornaríamos onde Mestre?
-Bem, suponho que tenha de ser neste mesmo mundo, não imagino nada diferente.
-Pensa em algum animal?
-Talvez um pássaro, parece que a liberdade deles é muito maior que a nossa (quando podem voar é claro!). E você João pensa em algo?
-Hmm, sei lá, talvez um gato... (Rsss).

11.13.2009

ele chegou à porta e disse:
-poeta sou.
-o que quer, poeta? - disseram eles, desconfiados
- nada... e vocês, o que querem? - uma palavra de alivio ou uma palavra de estímulo, eu não as tenho, não vim para salvar
- fora então, poeta! - não estamos aqui para ouvir lamentos nem tampouco sermões desnecessários

ele então se foi para não 
voltar

11.09.2009


Um lobisomem que se transforma por dentro, não por fora. O lobisomem é um demônio solitário, selvagem, medroso, quieto, rebelde... Ele se sente culpado por ser/estar demônio - (um estranho no meio dos personagens de papéis comuns). O problema é que somente enquanto demônio/lobisomem consegue produzir idéias interessantes e depois passá-las para o papel; e isso para ele tem valor, pois que escrever é parte de sua vida, o sentido dela propriamente... Em estado normal limita-se a um tipo/personagem desinteressante, encerrado em inumeráveis bloqueios (conjecturas, objeções, empecilhos, subterfúgios), alguns até certo ponto aceitáveis, outros entretanto que não passam de puras ilusões ou traumas infantis, fáceis de desmascarar, de mostrar o lado hipócrita em que são construídos... O que para outros tais bloqueios se tornariam fáceis de romper, para ele são quase intransponíveis!

11.05.2009

o frio na estátua de mim
eu sinto esse frio
e eu não sou estátua

11.03.2009

eu disse adeus
e isso não é nada

10.23.2009

aquele adeus: eu chorei
você nem ligou

9.26.2009

a ganância
a deslealdade
o jogo sujo
(e assemelhados)

-tudo para
se chegar ao topo

depois que se chega
percebe-se:

-o topo é uma ilusão

e depois, bem depois
o tédio
a bebida
e o lento suicídio...

-hipócritas!
saibam antes o que é a vida
para querer chegar ao topo

9.23.2009



algo acontece
entre nós
pode ser nada
ou amor
ou encanto de acaso
ilusão projetada
vontade de sonhar
de cavalgar alturas
ou desvanecer-se em abismos
soltar asas
no mundo da lua
no longe - lugar do nunca

pode ser
e pode não

...mas, e se quisermos?

9.18.2009



deixem-me plantar a planta
cultivar
regar
colher
preparar
consumir...

não precisando comprar
não haverá tráfico
nem bandido
nem polícia
nem advogado
nem juiz,
e o mundo viverá em paz

deixem-me plantar

9.17.2009


Imerso na escuridão das estrelas, ignorando a profundeza abissal do seu exterior, ele atravessou seu mundo interior diluindo-se em fantasma de si mesmo como um deus nascido das entranhas do infinito que busca um não-sei-que de sentido ou mais provavelmente uma fuga “fugaz” do mundo que o rodeia e esmaga, mundo esse que nunca aceitou, ou melhor que não o aceitou, devido sobretudo a suas esquisitices, seus atos inusitados e alucinados, seu modo estranho de lidar som os semelhantes, falar, olhar, rir... Essa imersão que o transforma em nada o levou à descoberta de terras virgens e de gentes sublimes desprovidas de qualquer aspecto de ambivalência, de qualquer característica de interesses escusos, levou-o parece a um paraíso cristão: a melhor imagem desse lugar-de-mundo-além.
Longo tempo passou ali, longas horas ficou seu corpo abandonado a mercê de lobos e abutres a espera da volta de seu dono que não queria vir... Mas eis que ele relutante decidiu retornar – lembrou-se de suas riquezas e conquistas, sua história construída a ferro e fogo, o amor e a saudade dos seus, a importância que desfruta nesse mundo de mentiras -, ele então preferiu voltar, apesar de tudo .

9.16.2009



"O poder e a glória para sempre".

9.11.2009


Os problemas do mundo tornam-se a cada dia mais e mais insustentáveis e insuportáveis. A solução passa, quer muitos queiram, quer não, pelo controle do aumento da quantia de seres humanos presentes no mundo, muito desigual quando se considera a espécie, uma vez que espécies semelhantes se encontram em número bem mais reduzido. Há que se levar em conta também o necessário esforço para se diminuir a força da ganância humana, cada vez maior, estimulada pelo consumo sem precedentes de bens, serviços e manufaturas, muitas vezes inúteis ou superficiais. A solução virá pela ordem e pela paz ou pela força e pela guerra. Em qualquer caso os poderosos e afortunados permanecerão em detrimento dos mais fracos e oprimidos, como sempre aconteceu ao longo da história...

9.01.2009



...não posso nem devo reclamar da vida, mesmo que muitas das minhas ilusões se desvaneçam como fumaça no ar, não a considero nada de desesperadora. Sei das dificuldades que muitos passam, com problemas bem maiores que os meus. Você sabe que você representa muito em minha vida, que eu não consigo nem pensar em ficar longe de sua companhia e que lhe perder é perder parte de mim. Seu corpo é lindo, sua alma é linda, obrigado por existir, por fazer parte das coisas que amo. Gostaria de lhe dizer mais...



8.27.2009

Todos aqueles que um dia me instigaram a lutar contra a tirania dos opressores hoje se acomodaram em suas mansões prisioneiras e pouco se importam se eu me dei bem ou mal por ter acreditado em suas palavras...

---o---o---

O negro está associado à noite (ausência de luz), o branco ao dia (presença de luz), algo impossível de ser mudado. Por isso haverá diferenças (e rancores) entre negros e brancos eternamente.

---o---o---

A maioria gosta muito mais de escolher do que ser escolhido: isso é raiz de muitos problemas conjugais futuros, pois que é difícil ambos se escolherem ao mesmo tempo.

8.19.2009



ah Vida, vida minha
nada pode ser maior

nada que os humanos inventaram
nenhum ideal que sonharam
nenhum deus que rezaram

Vida linda, minha namorada

8.15.2009



Uma gota de vida vale uma vida, um pedaço de vida equivale a uma vida inteira.
Doa-la nunca, a não ser por um ideal nobre, que somente o doador poderá saber...

8.14.2009



-“nas profundezas sinto a fumaça que me abraça e amassa, envolve-me, envolto estou assim,
caio, rolo, choro, desço mais para baixo de mim”. Mestre, por que suas palavras são sempre áridas, ácidas, tristes?
-são na maior parte das vezes desabafos, Joãozinho; além do que procuro tratar de temas controvertidos, ver o lado bom de coisas aparentemente vistas como ruins, como, por exemplo, o ódio e o suicídio.
-essa melancolia, não acha que um medicamento melhoraria seu humor?
-trato-me com um remédio natural, de vez em quando... essa melancolia faz parte da minha personalidade, de meu jeito de ser, não acho que possa mudar. Pra ser sincero nem quero mudar.
-gosta de sofrer, me parece?
-já disse aqui, João, a tristeza: também dela pode-se gostar.

8.08.2009


A igrejinha perdida no meio do mato em que a santa não apareceu quando por ali ele passava, sozinho, carente, descrente de tudo, e tanto necessitava que algo se mostrasse, um fantasma ou uma simples sombra, para poder acreditar em algo "de fora" substanciado em alguma lógica qualquer ou lucidez. A igreja que caiu sobre os fiéis, inclusive matando muitos, e foi notícia no país inteiro a qual o pastor se surpreendeu e deu uma entrevista na tv tratando o fato como pura fatalidade (como se "fatalidade" fosse algo cuja força Deus não pudesse interferir). A sua tia beata que não rezou o pai-nosso no velório do filho por estar ressentida, por Deus não ter atendido a seus apelos quando ele estava doente... São tantos os exemplos de dúvida e descrença, momentos em que algo na vida poderia mudar, um modo diferente de enxergar as coisas, sem mentiras descabidas, sem fugas alienáveis e enfim, sem ilusões vãs. Entretanto essas memórias todas acabam por se perder no tempo, na rotina dos dias e na conclusão de que o melhor é deixar as coisas como estão e seguir o rebanho... Ah, como é difícil mudar o mundo!

8.07.2009



Ouço vozes ao longe, palavras sábias:
"Prova de amor maior não há
que doar a vida pelo irmão"

8.03.2009

a verdade do bem e do mal
é inacessível
tanto ao herói quanto ao covarde

assim,
sempre um covarde
poderá justificar sua covardia
enquanto o herói sua valentia

---o---o---

Em Ben-Hur, o filme, o general romano diz ao escravo que o olha com rancor:
-Eu vejo o ódio em seus olhos, isso é bom, o ódio nos dá forças!

E então, na seqüência, o escravo acaba se salvando...

---o---o---

Jesus poderia se safar da cruz
não quis
Sócrates poderia se safar da cicuta
não quis

suicidas eles foram

o suicídio tem suas razões
que a emoção desconhece

7.31.2009

-Mestre, que quis dizer no texto da sereia e do tarado?
-Trata-se de uma metáfora sobre o amor não correspondido. É o mais comum; o amor correspondido é mais raro.
-E daí?
-Bom, quem ama e não é amado sofre. E quem é amado não está nem aí com esse sofrer...


Há uma vida atrás dos olhos da borboleta, assim como há atrás dos olhos do fotógrafo.
Não há tipos de vida, a vida é de um jeito só...

7.30.2009




ah como eu amo
e como é gostoso esse amar

sentir o que não é comum
sofrer
chorar

quero isso sim
não quero saber o resultado
vou perder, é sempre assim

tudo bem
sentir o incomum 
já vale a pena


Ir ao inferno

beber do elixir

e voltar fortalecido

7.28.2009


É preciso ir ao fundo do inferno onde o cálice se oferece para beber. Uma bebida pesada, fria, amarga, entretanto de sustento inesgotável... A volta à superfície trará um novo ser, mais forte e preparado para as ilusões comuns. É preciso sim ir ao inferno!

7.24.2009



Dicionários servem para definir palavras e o fazem na medida do possível. Porém, ao se tomar as palavras dos dicionários, definido-as e relacinando-as uma a uma, elas não se completariam: faltaria o abstrato intuitivo, pois que não basta dizer que uma arvore é feita de galhos, folhas e flores; é preciso também ver uma arvore.

7.22.2009


-Mestre, caso as vacas acreditassem em deus, como seria o deus delas?
-Bem, Joãozinho, acho que seria uma vaca gigante, assim como o deus dos cavalos seria um cavalo gigante, o deus das lagartixas seria uma lagartixa gigante, etc.
-Toma como base os humanos?
-Sim, os humanos pensam em deus como um homem que se encontra sabe-se lá onde e que fica olhando o que eles fazem.
-O senhor acredita em deus?
-Acredito, mas não dessa forma.
-Como é seu deus?
-Não é tão fácil explicar, vou mostrá-lo aos poucos.

7.10.2009


atrás do pôr-do-sol
há sempre um amanhecer

..essa é a nossa única esperança

Qual se não o amor, o encanto, poderia ser a primeiríssima reação de um eu frente o mundo? Enquanto a segunda reação – o espanto – levaria a perguntar o que, o como e o porquê da vida (as questões fundamentais). Mas ele perguntará para quem responder? É o mesmo interlocutor para quem se pede clemência antes do ultimo suspiro?

7.01.2009

Amar alguém de sexo diferente ou do mesmo sexo é uma natureza transcendental nítida naqueles que desde cedo tal amar se expressa; ou perversão naqueles que, não tendo a natureza, o fazem por capricho ou deleite. Como natureza: tal não muda, ou muda muito pouco; como perversão muda quando o pervertido quiser...

6.26.2009

O menino chuta o castelo de areia na praia e pisa sobre trilhões de minúsculas pedrinhas sem dar a mínima...

Há mais estrelas no céu que grãos de areia nas praias, concluíram os astrônomos.

O mundo onde vivemos diante do imenso universo onde está inserido é uma pedrinha de areia. Por que alguém se preocuparia com ele?

Os padres e os pastores dizem que alguém se preocupa, não só com o mundo, mas também com cada ser que nele vive. Quão presunçosos são eles!

6.23.2009

Pressa é bobagem, há tempo para tudo desde que não há lugar algum para chegar. O dia é longo, tem a manhã, a tarde, a noite e a madrugada; dá para se fazer tudo o que precisa, com calma. Não faz sentido querer ser tão rápido, não há o ponto final, há apenas degraus.

Se não há ponto final, não há céu nem inferno.

6.20.2009

Não adianta tapar meus olhos, tudo em você me atrai. Mas sem meus olhos talvez eu morreria: ver você é demais!

6.18.2009

-sonhei que morava num lugar onde ninguém acreditava em deus.
-então, nesse lugar, deus não existia?
-isso... nesse lugar deus não existia...

-a vida ali era ruim?
-não... a vida ali era igual aos lugares onde se acreditava em deus...

-quer dizer então que a diferença se resume em acreditar ou não?
-é... de resto, dá na mesma...

6.17.2009

-é uma pena, diz o tarado, babando de desejos, à sereia.
-é mesmo, diz – irônica e com um leve sorriso no rosto - a sereia ao tarado.

...e então, depois de muito babar, o tarado se afoga no fundo do mar, para deleite da sereia

6.09.2009

As vezes vale mais o risco que o resultado. Sem risco não há valor.
...e então, eis que a vi, a passos gentis, e seus caudalosos cabelos ao vento, a negritude dos cabelos longos cobrindo-lhe o rosto abaixado, e seus profundos olhos fixos no distante sem nada querer dizer... Eu me senti em brasa ao vê-la pelo retrosivor, seu olhar cruzando o meu – oh, donzela das noites claras de luar, oh donzela dos campos verdejantes dos meus sonhos, que faria eu se pudesse abraçá-la e consolá-la em meus braços - a certeza de possuir a mais bela das flores...

6.05.2009














Caro leitor, esse é um livro para poucos, lobisomens. O próprio autor é um. Como talvez você não seja, procure compreendê-lo com boa vontade e resignação. Lembre-se: não há esperança para seres assim. Lobisomens são medrosos, os humanos vivem a caçá-los. Há neles uma tendência ao suicídio. Como são medrosos não o fazem de uma vez: suicidam-se aos poucos, devagar. A dor passa a ser suportável.


Esse canavial as minhas costas - parecem alegres cada um dos pés-de-cana que se movimentam ao vento nesta manhã calma de sol, de um céu anil e nuvens claras de um dia maravilhoso... Coitados, ainda bem que não sabem, daqui a pouco, um mês ou dois, morrerão pela guilhotina ou pelo fogo...
- assim como nós...

5.29.2009

Três vezes olhei e
percebi em seus olhos
o mesmo desejo
a mesma volúpia
e a intenção dissimulada
de fazer algo errado

Correremos o risco?
A campânula
sob a qual
as trevas se esvaem
como fumaça
desorientada

As trevas
das ilusões vãs

Os ignorantes
das religiões caretas

A campânula/
prisão

A vida inteira
desperdiçada

Perdida na fumaça
das trevas

Clemência aos prisioneiros!

Vingança aos enganadores!
Sei que é cruel e sei que a maioria não vai querer admitir, mas infelizmente no mundo é preciso haver pobres, pois que somente pelo seu trabalho será possível haver ricos (seria impossível a estes produzir as riquezas do mundo). Além do que se todos fossem ricos o mundo não suportaria o consumo comumente exacerbado e sem propósito deles; o mundo se esgotaria em questão de décadas...

5.27.2009

As vezes o melhor é correr da briga do que se ver obrigado a terminá-la em tragédia.
É sublime
escrever sem pensar
o nome de alguém
O espírito da palavra
se fixa de maneira definitiva
No cérebro do escritor
e nas chamas do coração

Ele só aos poucos
Notará a diferença
Entre pensar uma só vez
E não parar de pensar


************

Quero aprender a dançar
Só para dançar
com você
Numa noite estrelada
Especial para nós dois

5.23.2009

O ódio chama
as vinganças

Esqueça as vinganças!

A não ser aquelas
absolutamente necessárias
as quais dá-se a vida
Não ligo para pecados
Já comprei passagem
para o inferno

Paguei barato,
estava em promoção

Alias, sempre está
Um lobisomem aparecerá na noite escura. Solitários, ele e a noite. As estrelas, a lua, o luar e as luzes da cidade ao longe. Ah, ver a cidade é tão lindo quanto estar nela! Ele sente saudades, não pode retornar, estragou sua vida a troco de bobagens... Não pode mais estar ao lado dos seus, trocou as virtudes por fugas inúteis e prazeres banais... Agora só lhe resta chorar em uivos e se conformar adorando a lua.

Ele de fato adora ser lobisomem...

5.01.2009

-Mestre, a Via Láctea se movimenta desde que toda galáxia se movimenta; onde poderemos verificar esse movimento em nossas vidas?
-Bem, Joãozinho, nós devemos considerar uma tal força como uma das muitas forças ocultas que nem imaginamos existir...
-De alguma maneira ela interferiria em nosso mundo, agora ou no futuro?
-Acho que sim, que em algum grau, ínfimo que seja, esse movimento interfere em nossas vidas – e provavelmente vai interferir muito no futuro do nosso mundo. Quanto a maneira como de fato isso ocorre, ninguém poderia responder com precisão a essa questão.
-O que fazer quanto a isso?
-O que já fazemos todos os dias:
lutar. Teremos sorte,
acredite...

4.18.2009

A vida de cada um, uma vida inteira de diferença histórica (e conseqüentes expectativas). Toda vida é importante e vale a pena ser vivida, no entanto pode-se conjeturar: uma vida pobre em prazeres e alegrias, e sem perspectiva de melhora, poderia ser abreviada. O problema é quanto à expectativa de melhora: em geral sempre há em alto grau, mesmo quando diante de ilusões...

4.16.2009

A mãe no velório do filho que voltou morto da guerra: as honras militares, os pronunciamentos, as medalhas... Ela se obriga a engolir toda aquela farsa e ilusão bestial calada (e com lágrimas nos olhos). No fundo há culpados por aquela situação cujas faces ela é capaz de enxergar, mas não pode culpar (e nem xingar, e nem jogar pedras) devido a força das leis, instituições, tradições, etc, que obrigaram seu filho a ir para uma luta que não era sua, que não fazia parte de seus interesses e ideais. Quem pagará por sua vida? Ninguém.

4.13.2009

Não há filosofia, há filósofos, que achavam alguma coisa da vida e então expunham esse achar. Não se pode dizer que uma coisa é igual à outra, desde que um filósofo se prende as coisas de seu lugar, não pode querer mudar costumes, tradições, mitos, e também não pode ser muito diferente dos demais que convivem com ele. Já em sua filosofia ele pode se expor, extrapolar, falar coisas que normalmente não falaria com outros. A filosofia é sua ilusão nobre num mundo carregado de ilusões vãs...

2.26.2009

não levem flores em meu caixão
não as mereço

além de que
de nada servem

sou agora uma pedra fria
minh´alma está por aí...

olhando
o corpo
que acabou de deixar

2.25.2009

-muito bem, platéia, aqui está... seu nome por favor.
-Adeunice.
-pois bem, platéia, vocês querem mesmo saber quem é o verdadeiro deus dela? - ora o deus dela, o mais íntimo de todos os que podem ser pensados, chama-se simplesmente:
Adeunice-outra-vez...”

2.17.2009

A sorte enviou um casal de tucanos debaixo da árvore onde ele se encontrava - únicos tucanos de um lugar onde não costuma haver tucanos, - para que ele os visse e sentisse o valor, o imenso valor do mundo e da vida. Então ele viu e sentiu...

2.11.2009

O prazer de ter nos ouvidos
A beleza de uma música
O prazer de cantá-la
O prazer de dança-la

O prazer de ter nos olhos
A beleza de uma ave
De uma arvore
Uma paisagem
Uma pintura

O prazer de ter nos olhos
A beleza de uma mulher
O prazer de ter na língua sua pele
Tocá-la
Beijá-la...

O cheiro da mulher
A água na boca
O sabor da barriga, das pernas,
das costas...

Carícia
Abraço
Cafuné

Palavras...

O suor
O calor
O amor

A delícia
A alegria

O gozo

O gozo

2.10.2009

Não bata em mim
Eu não mereço

Não sou culpado
Por gostar de pensar

Não sou culpado
Por escrever

Meu desejo é pouco
Viver na poesia
Morrer de poesia

Mais não preciso

2.07.2009

"um dia a mais
na história
de minha vida"

..as nuvens, estradas, arvores, sóis...

um dia medíocre
como todos

e maravilhoso
como todos

1.10.2009



gostaria de lhe dizer
essas coisas

há algo no ar
há algo de vontade
em mim

uma tal vontade
em direção a um ponto
em direção a um fim

talvez sim
talvez não diga

...sei que desejo ficar com você...

talvez você
queira
e talvez não

é tudo tão difícil
e tão fácil

falar é fácil
não é preciso mais
coisa alguma

..falar verdades...

que você pode
também gostar

nada se pode saber se não perguntar
mas falar verdades é sempre difícil

sei que vai gostar
se eu gostar de você
e disser

"eu posso lhe seduzir
e posso lhe dominar
e lhe fazer sorrir
e lhe fazer gozar"

esse imã que me atrai
a seu lado
delícia de mulher

flor
de bonita cor

seu sorriso
seu sabor e perfume

garota faceira
matreira
guerreira

quem não desejaria alguém assim?

que ilude
e seduz
e faz acreditar

que posso continuar

pois no meu destino está seu espírito
e em seu destino eu posso estar

adentrar nas profundezas do amor
e arriscar

...você sabe que isso é problema...

que o mundo me condene

que o mundo me expulse

tudo vale a pena

quando o amor for um ideal

que por ideais se deve lutar

porque é preciso navegar

para o longe
para o fundo
e para o alto

...onde será melhor lhe encontrar...

1.09.2009

Quem chora por ultimo chora pior,
mas ninguém chora por ultimo
porque o jogo nunca termina...

1.08.2009

Palestina e Israel
Lugares sagrados
Lugares sangrentos

Onde está o erro?
Onde se encontram os culpados?

A poesia
Em Israel e Palestina
Não se encontra...