11.17.2009


-E então, Mestre, resolveu a questão do sensível - quanto ao retorno do mesmo (sensível: “o que/quem experiencia”) após a morte do corpo que o mantém?
-“O abstrato é capaz de permanecer, o sensível não”: é assim que a maioria é levada a pensar. “O sensível se acaba para sempre”, parece nítido para o ser que "sente", desde que só dentro de um determinado corpo concreto isolado pode havê-lo, em outro corpo seria outro sensível totalmente independente e inacessível. Contudo, é de bom grado acreditar que o sensível seja passível de retornar após a morte do corpo que o encerra, desde que no próprio corpo acontece isso: o sensível se apaga e retorna a “sentir” ao lado do abstrato pensante que retorna a “pensar”, - isso se verifica ao acabarmos de acordar de um sono profundo. Há uma “morte” aí, parece que não porque pensamos em termos concretos, como se o concreto compusesse a única categoria do real. Ora, o sensível e o abstrato são tão reais quanto o concreto (prova disso: tanto o sensível quanto o abstrato são responsáveis por alterar as estruturas e movimentos do mundo, logo tem de ser considerados reais!). Essa morte diária (o apagão do sensível e do abstrato) durante o “dormir” é a mesma morte que os sepultos estão tendo no cemitério. O importante de toda essa proposta é isso: nós retornamos dessa morte diária, é fato; por que não poderíamos retornar da outra (a “eterna”) também? Compreende-me Joãozinho, o que quero dizer?
-Retornaríamos onde Mestre?
-Bem, suponho que tenha de ser neste mesmo mundo, não imagino nada diferente.
-Pensa em algum animal?
-Talvez um pássaro, parece que a liberdade deles é muito maior que a nossa (quando podem voar é claro!). E você João pensa em algo?
-Hmm, sei lá, talvez um gato... (Rsss).