6.10.2010




-Mestre, que me diz do "design inteligente"?
-Acredito num design inteligente de “dentro para fora” e não “de fora pra dentro”, ou seja, isento de qualquer aspecto religioso ou de qualquer relação com uma entidade divina que a tudo governa. A questão de haver finalidade em todos os movimentos e atos do universo devido a um abstrato-pensante superior (Deus) não se enquadra nessa visão. Esse design que acredito apareceria em mundos (como o nosso) onde corpos “imbuídos em vida” precisam lutar diariamente para que permaneçam vivos. Todo corpo-vivo exprime um sensível (sentir) e um abstrato-pensante (pensar). Esse sensivel do corpo gosta (ou não-gosta) das coisas pertinentes a sua vida e esse gostar leva-o a buscar condições para que esse gosto se mantenha. Se o sensível gosta, ele quer sobreviver, o corpo em que se expressa então precisa sobreviver para que ele próprio não sucumba. De maneira que o sensível tomará decisões seguindo essa vontade. Ora para que tome uma decisão é necessário um abstrato-pensante (inteligência) que o guie nos momentos das escolhas e o ajude, portanto, a manter o corpo vivo num mundo em contínua mudança, que o quer destruir. Essa vontade sensível-abstrata molda o mundo (e indiretamente os próprios corpos) segundo suas necessidades e prazeres. Assumindo que essa inteligência (ou vontade sensível-abstrata) de dentro de cada corpo vai compor uma parte de um conjunto maior composto de todas as inteligências de todos os corpos vivos, um todo vai se construir, que esse todo -num processo que envolve probabilidades e acaso - acabará por fazer aparecer espécies mais inteligentes. Será uma possibilidade dentro de muitas probabilidades possíveis para uma inteligência maior aparecer.
-Voce quer dizer, o design inteligente é uma tendência do abstrato (embutido nos corpos vivos) a melhorar as coisas (sobretudo a si próprio).
-Isso, haveria esssa tendência. Mesmo assim a dependência ao meio-ambiente é grande, as mudanças são muito vagarosas.