6.26.2009

O menino chuta o castelo de areia na praia e pisa sobre trilhões de minúsculas pedrinhas sem dar a mínima...

Há mais estrelas no céu que grãos de areia nas praias, concluíram os astrônomos.

O mundo onde vivemos diante do imenso universo onde está inserido é uma pedrinha de areia. Por que alguém se preocuparia com ele?

Os padres e os pastores dizem que alguém se preocupa, não só com o mundo, mas também com cada ser que nele vive. Quão presunçosos são eles!

6.23.2009

Pressa é bobagem, há tempo para tudo desde que não há lugar algum para chegar. O dia é longo, tem a manhã, a tarde, a noite e a madrugada; dá para se fazer tudo o que precisa, com calma. Não faz sentido querer ser tão rápido, não há o ponto final, há apenas degraus.

Se não há ponto final, não há céu nem inferno.

6.20.2009

Não adianta tapar meus olhos, tudo em você me atrai. Mas sem meus olhos talvez eu morreria: ver você é demais!

6.18.2009

-sonhei que morava num lugar onde ninguém acreditava em deus.
-então, nesse lugar, deus não existia?
-isso... nesse lugar deus não existia...

-a vida ali era ruim?
-não... a vida ali era igual aos lugares onde se acreditava em deus...

-quer dizer então que a diferença se resume em acreditar ou não?
-é... de resto, dá na mesma...

6.17.2009

-é uma pena, diz o tarado, babando de desejos, à sereia.
-é mesmo, diz – irônica e com um leve sorriso no rosto - a sereia ao tarado.

...e então, depois de muito babar, o tarado se afoga no fundo do mar, para deleite da sereia

6.09.2009

As vezes vale mais o risco que o resultado. Sem risco não há valor.
...e então, eis que a vi, a passos gentis, e seus caudalosos cabelos ao vento, a negritude dos cabelos longos cobrindo-lhe o rosto abaixado, e seus profundos olhos fixos no distante sem nada querer dizer... Eu me senti em brasa ao vê-la pelo retrosivor, seu olhar cruzando o meu – oh, donzela das noites claras de luar, oh donzela dos campos verdejantes dos meus sonhos, que faria eu se pudesse abraçá-la e consolá-la em meus braços - a certeza de possuir a mais bela das flores...

6.05.2009














Caro leitor, esse é um livro para poucos, lobisomens. O próprio autor é um. Como talvez você não seja, procure compreendê-lo com boa vontade e resignação. Lembre-se: não há esperança para seres assim. Lobisomens são medrosos, os humanos vivem a caçá-los. Há neles uma tendência ao suicídio. Como são medrosos não o fazem de uma vez: suicidam-se aos poucos, devagar. A dor passa a ser suportável.


Esse canavial as minhas costas - parecem alegres cada um dos pés-de-cana que se movimentam ao vento nesta manhã calma de sol, de um céu anil e nuvens claras de um dia maravilhoso... Coitados, ainda bem que não sabem, daqui a pouco, um mês ou dois, morrerão pela guilhotina ou pelo fogo...
- assim como nós...